Por Paulo R. Käfer*
Você passou horas e mais horas preparando o treinamento. Mais do que isso: trabalhou várias madrugadas para deixar a apresentação impecável. Seus slides ficaram originais e muito acima da média. A estrutura e a sequência do conteúdo ficaram primorosas. Pesquisou muito para encontrar ferramentas úteis e métodos práticos e dedicou-se de coração ao planejamento.
No dia do evento, totalmente inspirado e focado na excelência, deu o melhor de si. Ao final do Treinamento você aplica a avaliação de reação e fica muito feliz com os vários elogios sobre o seu desempenho como Facilitador e sobre o maravilhoso curso que você criou. E quando menos espera, lá está ela: a crítica!
Você simplesmente não entende. Fica desolado e diz:
– Como assim? Eu fiz o melhor que pude.
A crítica não sai da sua cabeça. Até esquece os elogios. Ela persegue você como uma sombra. Você diz para si mesmo:
– Nunca mais vou fazer apresentações, nem conduzir workshops e nem ministrar palestras. Não vale a pena!
Quando você está mais calmo, pensa:
– Será que eu sirvo para isso?
Espere! Não desista. Tenho que lhe dizer algumas coisas sobre como receber críticas com sabedoria. Acredito que vai ser muito útil na sua caminhada como Multiplicador, Líder ou Facilitador. E pode ter certeza: uma crítica ou outra em nossa trajetória não é o fim do mundo. Às vezes, até é bom!
Convido você a analisar alguns pontos junto comigo:
1. Reconheça o impacto da crítica e acolha as opiniões
Raramente somos treinados para lidar bem com críticas em nossa formação educacional. Bem… Eu não fui! Tive que me virar sozinho. Acredito que você também.
A crítica para nós é difícil de digerir emocionalmente, principalmente quando estamos dando o nosso melhor e cheios de excelentes intenções, certo?
Ser criticado sem entender bem a razão realmente nos deixa chateados. Mas isso não é motivo para desistir de tudo e se desesperar. Muitas vezes a gente faz um dramalhão sem necessidade. Precisamos entender as razões que levaram a pessoa a criticar e procurar aceitar sua opinião de uma maneira elegante. Ok! É difícil, mas não vamos mudar a opinião das pessoas. Acolher, respeitar e avaliar a crítica com neutralidade sem aflições é agir com maestria, serenidade e consciência.
2. É praticamente impossível agradar a todos
O ser humano é complexo. As pessoas são imprevisíveis e podem não compreender nossas ideias e nossas ações. Mesmo que você queira ajudar, muitas pessoas não captam sua intenção. Ainda assim temos que entender qual o nosso papel no mundo e seguir nossa missão. Por que estou dizendo isso? Por que existem muitas pessoas que não compartilham as mesmas ideias que nós. Sabe… Isso é bom. Imagine se todos pensassem da mesma forma! O mundo seria chato não é mesmo? Além disso, existem níveis de consciência diferentes, sistemas de crenças diversos, culturas de todo tipo e fases de vida diferentes.
3. Evite responder ao primeiro impulso
Quando a crítica for verbal, evite se justificar e se expressar no piloto automático. Nunca obedeça ao primeiro impulso e não permita que alguém determine sua atitude. Muitas vezes um participante pode se manifestar de maneira hostil ou mostrar-se desinteressado. Precisamos entender que algumas vezes, existem resistências ao próprio treinamento e o nível de maturidade não é lá essas coisas. A melhor maneira é respeitar a opinião e o pensamento de todos, usando atitudes diplomáticas e gentis. Quase sempre funciona!
Acho interessante e pertinente lembrarmos da origem da palavra respeito: do latim, respicere, “olhar outra vez”. O negócio é evitar julgamentos e rótulos e olhar novamente.
4. Avalie a crítica de forma imparcial
Tenha um bom discernimento. O valor real de uma crítica e até mesmo de um elogio deve ser analisado de forma neutra e imparcial. Temos que ter a sabedoria necessária para diferenciar o feedback construtivo, que é essencial, da crítica inútil. E atenção: o medo da crítica e a busca obsessiva pelo reconhecimento podem prejudicar nossa análise.
Um feedback interessante e construtivo geralmente vem acompanhado de um genuíno desejo de ajudar. Percebemos isso na linguagem corporal e expressões faciais da pessoa. Sentimos que a crítica ou o feedback é genuíno e verdadeiro. Mas algo vago e sem muito fundamento lógico não pode ser levado muito a sério. E consequentemente não há necessidade de reações emocionais exageradas. Isso só desgasta a nossa energia. E precisamos de energia para ter excelente performance em outros Treinamentos e Palestras não é mesmo?
Algumas perguntas que podemos fazer ao avaliar uma crítica. Elas são poderosas e aliviam nossa tensão:
Quem é a pessoa que está criticando? Qual sua motivação?
Ela tem autoridade e competência para fazer tal critica? Sua opinião se justifica?
Se a opinião for justificada, o que se pode aprender com ela?
Se, depois de muito refletir você chegar à conclusão de que aquela crítica não se aplica a você, simplesmente esqueça e siga em frente sem se perturbar.
Temos que ter sempre em mente: as opiniões que os outros têm da gente pertencem aos outros ainda que essas opiniões sejam sobre nós.
5. Utilize a crítica a seu favor
E se a crítica tem uma utilidade, se você perceber uma boa intenção e se há alguma lógica na opinião do participante, procure fazer alguns ajustes em suas ações para evoluir e melhorar. Pode ter certeza: aprendemos muito com as críticas se soubermos utilizá-las a nosso favor. Nesse caso, a crítica é totalmente bem vinda e nos ajudará a aumentar nosso desempenho e nossa competência. Críticas favoráveis nos impulsionam a mudar e a evoluir.
6. Quando o propósito é grande, toda crítica fica pequena
Toda jornada tem flores e espinhos, picos e vales, reconhecimento e críticas.
A atuação do Facilitador não consiste em arrecadar elogios, mas multiplicar conhecimentos, transmitir ensinamentos e provocar mudanças positivas. E também ser uma mola propulsora que impulsione o desenvolvimento e a transformação dos treinandos.
Então… O importante é seguirmos focados em nosso propósito de ajudar as pessoas, inspirá-las e transmitir nossa mensagem para o mundo da melhor forma. Essa é a trajetória para uma vida significativa.
Espero sinceramente que esse texto tenha fornecido algum insight sobre como receber críticas com sabedoria.
Grande abraço, paz na mente e até o próximo texto!
Paulo R. Käfer
Instrutor da Formação de Multiplicadores – Facilitador Coach © com várias turmas realizadas pela MKaPlus, empresa especializada em ajudar instrutores e facilitadores a terem alta performance e realizarem treinamentos fantásticos.
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Adorei! Fomos educados a sermos perfeitos, evitarmos os erros e consequentemente as críticas. O texto é brilhante ao colocar na crítica uma perspectiva de aprendizado. Podemos aprender a receber e acolher as críticas e opiniões e também fazer mudanças em nossa trajetória. Nos desconectar da necessidade de só querermos elogios e reconhecimento é uma necessidade atual. Parabéns!
Muito bom o post gosteI essa dica foi muito boa !
Excelente texto! Mesmo que em alguns momentos seja muito difícil recebermos algumas críticas, precisamos recebê-la com sabedoria para utilizá-la da melhor maneira possível, seja para o crescimento ou até mesmo para entender que elas existem é fazem parte do processo da humanidade.
Parabéns.
Excelente texto. Eu por exemplo e um treinamento tive o privilegio de receber tanto elogios como criticas de uma consultora onde a mesmo estava como ouvinte e no final foi abordado pela mesma e confesso que as criticas dela naquele momento foram mais importantes que os elogios pois, me fez enxergar onde poderia estar melhorando.
O texto está muito bom. Nos treinamentos, normalmente, encontramos vários tipos de pessoas, sendo que várias concordam e aceitam tudo que é falado e outras com mais experiência e sabem muito bem onde os problemas aparecem que fazem observações muito boas e colaboram no aprendizado de todos. Aqui, sim, o palestrante tem que ser humilde e transformar as sugestões em aprendizado de todos. A avaliação de reação (momento da emoção) não costuma refletir e ter uma eficácia quando comparada com outra depois de um certo período do treinamento (90 dias). Digo, sempre, não adianta palestra ou treinamento somente de teorias, tem que ter exemplos de praticas bem sucedidas. É o que penso e sugiro a todos na pratica.
Interessante o artigo e válido para melhorar a performance do facilitador, como nem sempre é possível agradar a todos é preciso entender melhor o ser humano cada vez mais para superar estas dificuldades que fazem parte do processo educacional.
Leio todos os seus textos, a sua forma de escrever me gera um “flow” impressionante. E, mais uma vez, reflexões fantásticas me foram geradas. Parabéns e continue nesse caminho, pois tenho certeza que a vida te dará mais bons motivos para agradecer e multiplicar seu conhecimento. Obrigada!
Obrigado pelas palavras, Priscila. Fiquei inspirado a continuar escrevendo.
Gostei muito deste artigo, tem ensinamentos interessantes, que orientam o facilitador a manter a cabeça erguida, tirar proveito da situação de forma elegante, sem gerar conflito com quem está fazendo a crítica.
Parabéns.
Mauricio Melo
artigo muito bom