3 formas de lidar bem com os imprevistos e contratempos

Por Paulo R. Käfer

Imagine a cena. Uma pessoa trabalhou muito na semana inteira e quer relaxar um pouco no final de semana. Chega o sábado. Ela acorda. Abre a janela e voilà: dia de sol e céu azul. Temperatura alta. Legal. Vai dar praia, ela pensa. Reúne a família e todos vão felizes curtir aquele dia lindo junto ao mar. Assim que colocam o pé na areia, começa a chover!

Pois é! Nem sempre as coisas saem como a gente quer.

Em uma dessas minhas viagens para conduzir a Formação de Multiplicadores, me deparei com um pequeno contratempo.

Assim que cheguei no aeroporto, veio a informação: o voo iria atrasar aproximadamente duas horas devido a condições climáticas desfavoráveis. Havia muita neblina e por medidas de segurança, a pista só seria liberada no final da manhã.

Como o curso estava programado para iniciar no dia seguinte, fiquei tranquilo. Entretanto, ficar duas horas esperando, me fez pensar e refletir: nesse mundo complexo, atribulado e frenético, imprevistos é que não faltam.

Então, uma boa pedida é saber lidar com essas imperfeições cotidianas com sabedoria, mantendo o bom humor. O que fazer então? Pensei em três maneiras. Não são fórmulas, obviamente. Mas formas de se lidar com uma realidade mutante e imprevisível.

Adotar uma perspectiva apropriada

Acho importante olhar para as questões por vários ângulos diferentes e adotar uma perspectiva ampla sobre as coisas.

Por exemplo, enquanto eu ficava aguardando  o embarque, procurei olhar para o fato de viajar de forma segura e não apenas para o atraso em si. Isso fez com que eu permanecesse mais sereno, tranquilo. Afinal de contas, segurança é imprescindível.

Já pensou ficar aborrecido aquelas duas horas? Ficar esperando já não é lá essas coisas e ainda por cima ficar resmungando para si mesmo? Iria adiantar? Só piora as coisas. E além disso, qual é a vantagem em se agarrar a uma emoção negativa?

Nossa percepção da realidade cocria a realidade. Não existe um mundo interno (realidade subjetiva) separado do mundo externo (realidade objetiva). Esses dois mundos se fundem e se interconectam já que ao mudarmos a forma de perceber o mundo, ele muda. Se a nossa perspectiva se transforma, a nossa realidade também.

E quanto mais aspectos conseguimos enxergar sobre uma mesma questão, mais rica e integral fica nossa análise. E mais apropriada fica nossa perspectiva. Visão sistêmica talvez possa trazer clareza mental e lucidez.

E analisando de forma ampla para um fato, quem sabe enxergaremos uma oportunidade ao invés de um problema.

Evitar expectativas exageradas

Quanto maior a expectativa, maior a frustração. Quando alguém comenta que viu um filme, elogia muito e diz que é um dos melhores filmes que já assistiu, ficamos curiosos para assistir, não é mesmo?

Mas tem um detalhe: geralmente nossa expectativa aumenta muito. Então se decidirmos assistir o tal filme, é muito mais fácil nos decepcionarmos.

Penso que para manter uma certa serenidade na mente, é necessário sermos comedidos em nossas expectativas em relação a situações e pessoas.

Se as coisas não saem bem como a gente esperava, não nos desapontamos tanto. Se tudo corre às mil maravilhas, somos surpreendidos positivamente.

Compreender a noção ilusória de perfeição

Possivelmente congestionamentos quilométricos nos feriadões vão continuar acontecendo. É provável que pessoas queridas em algum momento vão dizer palavras rudes para nós, sem motivo algum. Um trabalho super bem feito talvez não tenha todo o reconhecimento que mereça.

Tudo isso acontece, independente da nossa vontade de que tudo seja milimetricamente perfeito ou não.

Isso não significa que não podemos atuar no mundo para melhorá-lo. Não só podemos como de fato, devemos. Apesar de muitas iniciativas altruístas e o desabrochar de uma consciência mais colaborativa, ainda há muito que fazer no campo do desenvolvimento humano.

Mas exigir que não haja qualquer contratempo em um mundo agitado e que não para de mudar é pedir demais. Ficar atrelado a uma noção fantasiosa de perfeição pode ser um convite à insatisfação.

Afinal de contas não podemos apertar em um botão e parar a chuva. Nem tampouco esperar que alguém se comporte do modo que a gente espera. Tentar controlar o que não pode ser controlado não parece ser uma boa ideia.

E quem estiver preparado mentalmente para lidar bem com as mudanças e com os percalços do caminho transitará pelo mundo de forma mais fluída, lúcida e serena.

E pensando bem, toda experiência, ainda que não seja tão favorável em um primeiro momento, pode conter a semente de um grande aprendizado.

Ah sim! Uma pequena observação: por incrível que pareça, o atraso do voo teve pelo menos dois pontos positivos. Cheguei em segurança para trabalhar no que eu amo e acredito. E além disso, pude refletir e escrever esse modesto texto.

Agradeço sinceramente a sua visita aqui no blog, grande abraço, paz na mente e até o próximo texto.

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