Por Paulo R. Käfer*
Acordo nessa manhã chuvosa, pego meu café e me jogo na poltrona… Acabo caindo na minha própria introspecção. Pensamentos surgem e ainda com um pouco de sono, tento organizá-los em fila.
Entre um gole e outro contemplo os pingos de chuva que escorrem pela janela e cada gota parece ser um pedacinho de tempo que se vai.
E é justamente essa noção de transitoriedade que invade minha mente, onde cada instante é tão efêmero quanto o pingo de chuva que logo irá secar.
Ainda olhando para a janela, como se ela fosse uma espécie de oráculo, procuro alguma mensagem que faça sentido. Entre os pingos da chuva, os goles de café e as inquietudes matinais, um insight aparece: “para saborear a vida precisamos nos desfazer de pensamentos inúteis e irrelevantes”.
É isso! Incrível como somos mestres em transformar nossas próprias ilusões em realidade. Afinal de contas, na tela da nossa mente, o filme é sempre tão real…
O véu da ilusão não nos permite saborear a vida! Precisamos contemplar mais e analisar menos. Sentir mais e pensar menos. Seguir a voz da intuição, acreditando mais no coração do que na mente, já que é ela que produz tantos pensamentos desnecessários.
Esse entendimento não chega a ser tão motivador no começo. Mas se transcendermos as aparências, os conceitos e os condicionamentos culturais e penetrarmos no mistério da existência, essa noção parece razoavelmente libertadora.
E de mansinho, uma inusitada empolgação me visita. E me dou conta: se a vida avança e o tempo é tão fugaz, quero aprender a degustá-lo. Em cada passo, em cada olhar, em cada sorriso, em cada abraço. Em cada reflexão, em cada aprendizado. Em cada encontro, em cada despedida. Em cada silêncio, em cada respiração.
Olho para minha plantinha sem pressa nenhuma, observando o design das suas folhas e quão bela ela é. E noto claramente que quando observamos sem avaliar ou rotular, vemos a verdadeira beleza das coisas e dos seres e podemos realmente apreciar o momento.
A chuva cessa, meu café termina, as divagações evaporam e esse texto chega ao seu final. Mas uma forte convicção permanece: ao deixar as ilusões estagnadas para trás, podemos saborear melhor o tempo como se ele fosse o nosso tempero preferido. A jornada adquire um novo sabor, o caminhar fica mais leve, o olhar mais limpo e o coração mais puro.
Grande abraço, paz na mente e até o próximo texto.
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