Por Paulo R. Käfer*
Tem momentos que uma indescritível paz de espírito toma conta de cada molécula de nosso corpo e de nossa mente. Não é uma delícia quando isso ocorre? E se pudéssemos ampliar esses lampejos de bem-aventurança?
Após chegar da minha corrida na praia, tive uma dessas sensações de plenitude e resolvi refletir um pouco sobre isso. Talvez do ponto de vista bioquímico, a causa pode estar nas endorfinas geradas que elevaram meu nível de bem-estar. Mas fui além da ciência e concluí o seguinte: baseado na minha experiência direta e confiando na minha sabedoria interior, comecei a perceber um padrão nesse e em outros “momentos de plenitude”.
E por incrível que pareça, constatei que esses momentos não estão ligados a alcançar uma meta ou algum tipo de resultado específico. Paradoxalmente, nesses breves episódios de felicidade não estou aspirando nada e nem querendo ir a algum lugar. Nem sinto a necessidade de nenhum reconhecimento, nem vencer uma competição e muito menos provar que estou certo. Estou apenas desfrutando o momento e só. Nada mais e nada na mente.Então começo a acreditar que as coisas simples da vida como molhar os pés na água do mar, admirar uma noite de céu estrelado, ajudar pessoas pela satisfação de servir, ouvir com o coração, chorar de tanto rir, tomar um banho de chuva inesperado no verão ou ganhar um sorriso e um beijo da pessoa que amamos talvez sejam mais relevantes para a felicidade do que supomos.
Quando estamos absolutamente calmos, tranquilos, serenos e desfrutando do momento na sua inteireza, podemos contemplar a magnitude da existência e perceber como a vida é infinitamente bela e preciosa.
Talvez, nesses breves instantes nossos julgamentos e análises ficam temporariamente suspensos e estamos verdadeiramente livres das pressões do condicionamento social. Assim podemos exercer aquilo que de fato nos pertence: a nossa pura essência.
Acredito que a frugalidade é um poderoso trampolim para a felicidade e não o acúmulo de coisas. Gosto da ideia do “menos é mais”. Por exemplo, se colocarmos muito objetos em nossa casa, fica difícil a circulação e dificulta a limpeza.
Quanto mais coisas, mais temos que desviar delas, mais pó acumula e por aí vai. Chegará um momento que precisamos nos desfazer desses objetos, pois eles só atrapalham o fluxo. Menos coisas, menos pó, menos stress.
Da mesma forma, quando uma pessoa tem muitos pensamentos povoando a sua mente, muitas preocupações e participa de muitas atividades, os momentos de plenitude se tornam cada vez mais escassos, possivelmente em decorrência da “cultura do excesso”. A própria qualidade da atenção tende a diminuir. Assim, aprender a dizer “não” se torna prioridade se quisermos expandir nossa felicidade.
Assim como os objetos dentro de casa, existem padrões, hábitos, atividades e convicções que só atrapalham nosso caminho. O que você precisa abandonar para ser mais produtivo, esbanjar energia e obter mais êxito?
Menos distrações, mais produtividade. Menos expectativas, mais serenidade. Menos coisas para fazer, mais tempo livre. Menos informações desnecessárias, mais sabedoria.
Para seguir em frente, precisamos abrir mão do inútil, de informações irrelevantes, de diálogos improdutivos e debates tolos. Quando eliminamos o que não é importante para nossa vida, criamos espaços para novas possibilidades e estamos mais preparados para aprender e ensinar. E no campo da aprendizagem, uma mente limpa e vazia é muito mais eficaz do que uma mente cheia de conceitos e ideias prontas. Bruce Lee disse: “abandone todas as suas ideias fixas e preconcebidas e seja neutro. Você sabe por que este copo é útil? Porque está vazio”.
Simplicidade significa remover o supérfluo e andar de mãos dadas com o essencial, com aquilo que realmente é significativo em nossa jornada. Quem sabe não é hora de abrir espaços na agenda para coisas simples e até para não fazer nada? Um pouco de ócio pode ser muito revigorante. Depois dessa breve pausa, podemos fazer ainda melhor aquilo que a gente sabe fazer.A humanidade busca a autotranscendência e a evolução. Mas quantas ilusões nós mesmos criamos e nos apegamos a elas como se fossem reais. Essas ilusões só complicam a nossa vida. A paz não brota da complicação, mas da simplicidade.
Nas palavras de Khalil Gibran: “a simplicidade é último degrau da sabedoria”.
Estou muito longe de decifrar o código da felicidade, mas uma coisa eu já percebi: quanto mais eu penso nela em termos de futuras conquistas, ela me escapa. E quando eu desfruto com gratidão e simplicidade o momento presente, ela naturalmente aparece. E talvez não haja conquista melhor do que esse encontro.
Paz na mente, grande abraço e até o próximo texto.
Paulo R. Käfer
É Instrutor da Formação de Multiplicadores – Facilitador Coach© com várias turmas realizadas pela MKaPlus, empresa especializada em ajudar instrutores e facilitadores a terem alta performance e realizarem treinamentos fantásticos.
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Um dos benefícios da internet é a facilidade com que textos bacanas como este chegam a nossas mãos. Altamente pertinente seus comentários, em um momento em que grande parte das pessoas está preocupadíssima em buscar novas ocupações, sem ao menos estar dando conta do que já tem. Muitos de nós, às vezes, sentem-se incomodados por momentos em que não está fazendo nada. Mas, fica claro no seu texto e também quando paramos para refletir, que a vida também é feita de ócio e dele também extraímos prazer. Gratidão pelo texto!!!!
Obrigado pelo excelente comentário Reginaldo. Que bom que você gostou do texto.
Excelente texto. Parabéns !
O texto vem nos colocar para pararmos um pouco em nosso dia, para desfrutar de cada momento que a vida nos dá ele é uma corrente contrária, ao que já de alguma forma programamos de forma meio que que automática em nosso cérebro para buscar o que ainda esta por vir. Vivemos pouco o presente estamos sempre de olho no que vem depois isso provoca um extremo vazio interior. Precisamos reprogramar o nosso cérebro.
Parabéns pelo texto.
Aprender a viver no momento presente é um grande desafio para todos nós. Mas se pensarmos bem, a felicidade genuína se encontra sempre no presente. Obrigado pelo excelente comentário Waldir.
Excelente texto, parece até que foi escrito para mim, literalmente!
Obrigado Cristina. Fico feliz que você gostou do texto.
Texto inspirador. Você escreve maravilhosamente bem. Abs
Muito obrigado Greciani. Seu comentário é muito importante, pois me inspira a continuar escrevendo. Um super abraço.
Nossa, que leitura excelente!
Você tem razão, eu me senti muitas vezes mal por não estar fazendo nada! Angustiada mesmo.
Não temos mais tempo para coisas simples e belas da vida, olhar a lua, o mar, andar descalço, etc…
Parabéns!!
Obrigado, Magali.
Muito bom o conteudo..parabéns